segunda-feira, 7 de setembro de 2009

610 caixas e um baú

Antes de começar, vou agradecer as visitas ao blog durante essa semana em que não pude atualizá-lo. Estava fazendo mil entrevistas de estágio, um curso muito interessante pelo IPEA, dando aulas para minha mais nova pequena e assistindo filmes, que pretendo comentar aqui depois.


Explicações dadas, vamos ao assunto de hoje. Depois de tomar meu café da manhã, fui ler o jornal e me deparei com a matéria de Silas Martí na Ilustrada. Nela, o jornalista falava sobre o costume do grande ícone da pop art Andy Warhol de guardar qualquer tipo de coisas em caixas. Tanto que juntou 610 dessas caixas de lembranças entre 1974 e 1987.

Em seu diário ele classifica essas caixas como obras de arte em si. Não que Warhol cultuasse o passado, mas era um jeito de manter vivos alguns dos momentos que se foram. E agora estas caixas e seu “conteúdo artístico” ficarão expostas no museu Andy Warhol, em Pittsburgh.

Quando li essa matéria, não tive como não me identificar. Tenho em meu quarto um baú onde também estão guardados alguns pedacinhos de momentos que já se foram. Tenho livros, revistas, recortes, desenhos (que fiz ou que ganhei dos meus pequenos) e, principalmente, cadernos e diários. Sempre gostei de registrar as situações que vivi ou que gostaria de viver.

Muitas vezes pensei em jogar tudo que está neste baú no lixo. Quantas vezes tentei me convencer de que não passavam de um monte de papéis.. Contudo, cada vez que abro aquela porta é como se um pouquinho do tempo voltasse, com todos os seus cheiros, cores e sensações.

Andy Warhol fez muito bem em encaixotar seu passado. Até falecer guardou de tudo, de jornais e fotografias à caixinhas de fósforo e restos de comida (eca..). Sempre que quisesse podia abrir uma caixa e voltar a sentir o que já tinha sentido uma vez. Warhol sempre gostou de viver intensamente o presente, haja visto tudo que promovia em sua Factory. Porém, fazia isso tudo sem esquecer que o presente teve sua origem em algum lugar. Assim como ele, não sou nostálgica. Mas é bom saber que, quando quiser voltar, basta abrir uma porta.

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