sábado, 12 de março de 2011

Resquícios do Carnaval

- Alô?
- Bem! Liga a TV na Band!
- Na Band? Por quê, meu amor?
- Porque eu vou aparecer! Estou no sambódromo!
- O quê???
- No sambódromo. Liga a TV aí que eu preciso desligar agora. Beijo!
- Beijo...

E foi assim que meu pai avisou ontem minha mãe e eu que estava na avenida paulista do samba. Falando sobre a avenida Paulista. Meu pai saiu em uma ala um pouco antes das baianas, na Camisa Verde e Branco, escola que subiu do grupo de acesso para o grupo especial. As campeãs desfilavam ontem no Anhembi, e a gente nem podia imaginar que meu pai estaria por lá.


A alegria do samba mordeu meu pai de novo. Minha mãe, inconformada, ficava falando que ia falar um monte para ele. Eu só dava risada.

Duas ligações perdidas no meu celular. Meu pai também tentara avisar a filha, sabia que eu ficaria feliz. A transmissão da Band acabou sem mostrar meu pai, cortando o desfile da Camisa para passar o Jornal da Noite. Uma pena, queria ter visto seu Rubens na avenida.

Mandei uma mensagem para ele antes de dormir, dizendo que não o tinha visto. Ele me respondeu uma hora depois, dizendo que estava feliz, que tinha sido ótimo e que estava voltando para casa. O Carnaval acabou para seu Rubens, mas ele não deixou de vivê-lo.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Foi o que eu escolhi para mim

Quatro anos de faculdade depois, ela se vê sem emprego, em casa, com a avó chata fazendo barulho na cozinha. Fica de pijama até meio dia (trocar de roupa pra quê?). Seus pais acham que ela devia ir procurar um emprego no banco, no aeroporto, em qualquer lugar. Acham que ela está muito deprimidinha em casa, que precisa ocupar a cabeça.

Um curso de inglês, conversação, para fazer voltar o conhecimento que se perdeu, mais de mil reais por mês. Um absurdo! Ela não quer que eles paguem tudo isso. Ela chega a se arrepender de ter feito a faculdade, que saiu umas cinquenta vezes mais caro do que o bendito curso. Sair do país para um intercâmbio? Dá até medo: se não voltar fluente, mais dinheiro jogado fora. E um mês perdido na busca por um emprego. É difícil essa vida de investimento futuro: eles investem, e se você não paga o pato, está dando prejuízo.

Não que eles cobrem o dinheiro gasto. Não, não cobram. Mas ela sente o peso da expectativa em seus ombros. Antigamente era assim, fazia-se uma faculdade e estava empregada. Hoje o mundo mudou. E por mais que ela tenha suas qualificações, está em casa. Sem rumo, e a beira do desespero.

O computador ajuda na caça às vagas, no envio de currículos, na busca por trabalhos freelancers. Ela não consegue segurar uma lágrima, que cai na letra J. J de Jornalismo. Foi o que eu escolhi para mim, e é o que eu vou fazer. Ou é pecado querer fazer o que gosta?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mulher estranha, ridícula e maravilhosa

E ontem foi Dia Internacional da Mulher. E aniversário da Hebe também. Bom, parabéns para ela mas não é sobre as 81 velinhas que ela soprou ontem que vou falar hoje. E sim sobre ser mulher.


Ser mulher é ao mesmo tempo maravilhoso, estranho e ridículo. Nós, mulheres, menstruamos, e isso é estranho. E, por causa disso, sentimos cólicas e tonturas, por exemplo, além de ficar sangrando, o que é ridículo já que estamos muito bem de saúde. Só que podemos usar tudo isso como desculpa para não ter que fazer algo que não queremos, e isso é maravilhoso. Só não faça isos no seu primeiro ano de emprego, e nem todo santo mês ok?

Mulheres usam maquiagem, e assim podemos ficar maravilhosas, estranhas ou ridículas. Nós também vamos com uma certa frequência ao cabeleireiro, e ficamos por lá por tempo bem acima do aceitável pelos homens. Em duas horas no salão podemos ficar bem estranhas (quem já fez luzes sabe...ficar com aquele monte de papel alumínio na cabeça é dose...) e podemos sair de lá ridículas ou maravilhosas, depende do artista que deixamos colocar as mãos no nosso precioso cabelo.

Em pesquisas recentes também foi provado que nós estudamos mais do que os homens, o que é maravilhoso, só que continuamos ganhando menos do que eles para executar as mesmas tarefas, o que é bem ridículo. E tem gente que ainda acha estranho mulher caminhoneira, taxista, mecânica... Sou partidária do ditado que diz "nós fazemos tudo que os homens fazem, e em cima do salto".

Bom, todo esse momento de auto e geral exaltação da mulher na verdade é um chacoalhão em mim mesma. Eu deixei de ter a força que eu tinha, e percebi isso ontem. E quero voltar a tê-la. Escrever é o primeiro passo para encontrar a Carolina Mulher de Verdade perdida dentro de mim. Estou apenas começando...

"Nada lhe pertence mais do que os seus sonhos"
Nietzsche

segunda-feira, 7 de março de 2011

Carolvalesca

Minha relação com o Carnaval não nasceu ao ligar a televisão esta noite. Confesso que sempre admirei o Carnaval pela sua beleza, suas cores. Tenho escolas favoritas, tenho parente que chora ao ver desfile, sou uma das poucas da minha espécie que, com 21 anos, sabe sambar, e em cima do salto de preferência.


No entanto, não me imagino desfilando em uma escola, em cima de um carro alegórico e com uma roupa menor que as que eu uso para ir à praia. Um dia gostaria de assistir ao desfile ao vivo, e neste ponto (talvez somente neste) deixo-me ser mais carioca que paulista. Queria ver o Carnaval na Sapucaí, queria ver o desfile da Beija-Flor, queria cantar até perder a voz.

Desfile da Beija-Flor ano passado. A escola é a última a desfilar hoje.

Samba é um ritmo delicioso. Pagode, para mim, é detestável, mas samba é tudo de bom. É brasileiro, fruto de misturas, como cada um de nós. Tenho para mim que não existe brasileiro imune a esse ritmo. Pode ser gótico, punk, emepebista, funkeiro, o que for. E pode até não saber sambar. Levante seus indicadores para o céu, mexa seus pés ao ritmo da música e considere-se contagiado.

Já vivi vários carnavais, bem diversos. Já comecei o feriado sabendo cantar metade dos enredos de todas as escolas. Já viajei de sexta-feira a noite e fiquei horas na estrada. Já aprendi e viajei no sábado de manhã, ainda curtindo os samba-enredos. Já me perguntei porque eles tem títulos de pelo menos duas linhas. Já viajei para retiro espiritual. Já trabalhei todos os dias e folguei na quinta-feira, quando a festa acabou. Já morguei em casa o feriado inteiro, ficando deprimidíssima quando a apuração acabou. Já xinguei nota baixa para a Beija-Flor. Já comemorei cada 10 que receberam.

Enfim, esse é o meu Carnaval. Uma festa que para o país, que continua começando a trabalhar só depois que da quarta-feira de cinzas. E o seu Carnaval, como costuma ser?

Liberando minha criatividade

"Love is a bird, she needs to fly", já dizia Madonna. Penso o mesmo em relação a criatividade. Presa, ela não vale absolutamente nada, não cumpre sua função. E percebi minha criatividade um tanto reclamona nos últimos meses.


Antes de dormir, momento que separo para colocar minhas ideias no lugar, percebi que estava cometendo um grande erro. Ideias não são feitas para serem colocadas no lugar, em caixas etiquetadas. Ideias existem para serem livres, saírem por aí fazendo a diferença. Não só na minha vida, mas na de qualquer pessoa.

Confesso escrever este texto sem nenhuma pretensão, pela pura e simples vontade de brincar com as palavras. Contudo, se eu puder mudar a vida ou pelo menos fazer alguém pensar hoje com essas palavras, minha missão está cumprida. As letras se uniram compondo palavras e frases. Minha criatividade está a solta: cuidado.

PS: para ouvir e ver o clipe de Frozen, clique aqui.

domingo, 6 de março de 2011

Deu vontade de escrever...e só

Foi isso que me deu, vontade de escrever. Vontade de brincar do meu jogo favorito, que é brincar com as palavras. Já disse outra vez: espaços em branco me deixam profundamente incomodada. Então, tomo a liberdade (e um momentinho da sua paciência) para preencher este aqui.


Faz muito tempo que não atualizo este blog tão querido, e que para mim tem uma importância enorme. Deixei de lado por causa da falta de tempo, falta de assunto e, principalmente, falta de vergonha na cara. Afinal, muitas vezes eu fico na frente do computador conversando no MSN e nem penso em escrever aqui. Fico digitando letras que não permanecem, enquanto aqui posso imortalizá-las.

Só que há uma questão que não cala, uma conversa que tive uma vez. Disseram-me que não vale a pena escrever quando não se tem nada para dizer. Eu não tenho nada para dizer, e também não tenho mais o que fazer, mas não vou deixar de escrever por isso. A escrita é um excelente exercício, que precisamos praticar a cada dia. Escrever e ler.

E antes que o fluxo de consciência me leve para bem longe daqui, vou procurar um assunto para falar. Não porque seja preciso, afinal escrevi x parágrafos de absolutamente nada. Escrevi sobre o que estou pensando, e nesse momento minha mente relaxa embalada pelo samba do Carnaval. Carnaval de quem não samba, curtido em casa, na frente da TV. E antes que eu desembeste a falar de novo, criando alegorias que não precisam ser criadas (e só ligar a TV que você poderá admirar o mesmo que eu), vou embora. E não sei quando eu volto. Será que ainda hoje?