quarta-feira, 23 de junho de 2010

Comboio de amizades

Da série "coisas que só acontecem comigo".


Devido a minha criação guarulhense, acho que tenho uma veia caipira saltada. E isso me faz gostar de uma boa prosa e - quer isso seja bom ou ruim - acreditar nas pessoas. Para vir ao trabalho, pego dois trens, dois metrôs e um ônibus intermunicipal. Uma viagem e tanto, que se tiver companhia se torna mais agradável, certo?

Pode ser que sim. Mas os homens ultimamente tem interpretado minha samaritanisse da Grande São Paulo como "ser fácil". Os três últimos caras que eu conheci na volta para casa foram super simpáticos comigo, mas me ligaram ou mandaram mensagens no dia seguinte com segundíssimas intenções. Caipira pira pora, porque foi confiar nos outros?

Que as verdadeiras amizades surgem na adversidade, todo mundo sabe. E, pelo menos na minha vida, não há momento mais adverso do que encarar uma lotação cheia parecendo uma sardinha enlatada. Foi em uma noite como essa (sim, noite, com pessoas suadas, pagode alto e tudo que você tem direito, afinal você está PAGANDO por isso...) que conheci Morena.

Até hoje não sei o verdadeiro nome de Morena, e a encontrei algumas vezes - novamente no ônibus ou na lotação - depois desse dia sardinhento. Ela também desconhece a minha graça, e me chama de Angelina. Colocou na cabeça que eu sou a cara da mulher do Brad Pitt e não há Cristo que há faça mudar de opinião. Melhor pra mim, que fico com a auto-estima lá em cima.

Enfim, acredito que de todas as minhas amizades de andanças, a mais sincera foi Morena. Confesso que passei muitos anos da minha vida achando que não podia confiar tanto nas mulheres: sou uma delas e sei que vivemos à base de fofoca e chocolate. Só que os últimos acontecimentos no transporte coletivo estão me fazendo mudar de opinião. Um viva às mulheres, que não pedem o seu telefone (nem ligam pra ter certeza de que é o seu número ou para saber se você está de bobeira em casa em um sábado à tarde), que não mandam SMS melosos dizendo que acordaram pensando em você e nem dizem o quanto você ficou linda em um vestido. Bom, essa elas até fazem de vez em quando...


P.S.: Olá! Se você é homem e me conheceu em qualquer uma das fases de transporte coletivo que eu percorro para chegar ao meu doce lar, tome este recado para você. Com um adendo: eu tenho namorado ok? Beijos e, se for pra me cantar porcamente, nem liga.

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